Entre regras e padrões: uma diferença política
Por: Iazana Guizzo
As tentativas de democratização do exercício do arquiteto e do urbanista se tornaram recorrentes desde a metade do século passado. Nos anos 1970, Christopher Alexander e seus colaboradores desenvolveram uma metodologia participativa de planejamento e projeto urbano a partir da crítica ao método dos planos diretores modernos. Apesar de essa metodologia não ter sido uma experiência amplamente replicada, um dos elementos dela – os padrões – é até hoje largamente difundido. Entretanto, que interesse os padrões poderiam suscitar nos dias de hoje? Eles trariam alguma novidade democrática, participativa, se vistos de maneira dissociada à metodologia proposta na década de 1970? Poderiam eles, isoladamente, contribuir para a problematização das ferramentas de planejamento e projeto de nossas cidades? Parece-nos que o modo de definir as regras nos padrões é distinto daquele dos planos diretores. Ao dar a ver as relações que compõem as regras, talvez os padrões possam contribuir de modo prático para questionar a hegemonia do especialista, bem como para politizar as regras e os modelos dos espaços construídos de uma determinada coletividade.