O Construir como afeto. A casa como corpo e não manifesto.
Por: Iazana Guizzo
Na direção editorial da revista do MASP, Habitat, entre 1950 e 1954 Lina Bo Bardi, e depois Flávio Motta e Pietro Maria Bardi, publicavam temas relacionados à cultura erudita e popular (1). Faziam parte da revista conteúdos como obras de artistas e arquitetos já consagrados, experiências da vanguarda internacional, bienais de arte, temáticas políticas ligadas ao pensamento progressista e experiências e objetos populares que, de certa forma, mapeiam a busca de expressões do que Lina Bo Bardi denominou de civilização brasileira. A exemplo disto pode-se citar publicações como Os ex-votos, O índio modista, O povo é arquiteto, A casa de 7000 cruzeiros, Construir é viver, entre outros.
Nesses textos é possível perceber que havia uma busca pela força cultural popular e não por uma forma ou uma identidade do índio, do negro, do sertanejo ou do favelado. Nesses frequentes elogios a cultura popular o que era validado era um certo modo de fazer, uma prática, uma expressão e não exatamente o fato destes terem sido realizados por uma mulher ou um homem do “povo” (2). Validava-se essas experiências da mesma maneira que aquelas provindas da cultura erudita, ou seja, a partir da potência delas ou de um critério ético (e não moral) (3) e da possibilidade de politização de tais experiências.